sábado, 15 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009



PORQUE FILMA?

Resposta a um inquérito


Desde que tenho esta terrível pergunta diante de mim, vêm-me ao espírito uma série de respostas possíveis. De manhã uma, de noite outra, mais uma na mesa de montagem, outra ainda ao contemplar as fotos de antigas filmagens, uma quando falo com a contabilista, mais uma quando penso nas pessoas com quem trabalho desde há anos. Todas estas respostas, todas estas razões para filmar, são válidas e verdadeiras, mas digo para comigo que "lá atrás" tem que haver algo que é "ainda mais verdadeiro", talvez uma "obrigação" ou até uma "necessidade".
Quando, com doze anos, rodei o meu primeiríssimo filme com uma câmara de oito milímetros, coloquei-me à janela de casae filmei de cima a rua, os carros e os transeuntes. O meu pai viu-me e perguntou: "Que fazes tu aí com a câmara?" E eu disse: "Estou a filmar a rua, como bem vês." "E para quê?", perguntou-me ele. Não soube que responder. Dez ou doze anos mais tarde, rodei a minha primeira curta-metragem em 16 milímetros. As bobinas tinham a duração de cerca de três minutos.
Filmei um cruzamento, do sexto andar, sem mexer a câmara e durante tanto tempo até a bobina estar vazia. A ideia de parar a câmara antes não me ocorreu. À distância, posso imaginar que isso me deve ter parecido um sacrilégio.
Que espécie de sacrilégio?
Não tenho cabeça para teorias. Só raramente me recordo de alguma coisa que tinha lido. Não posso, por isso, também citar exactamente uma frase de Béla Balázs que, contudo, me impressionou muito. Fala da possibilidade (e da responsabilidade) de o cinema "mostrar as coisas como elas são". E de que o cinema pode "salvar a existência das coisas".
É isso, exactamente.
Ou aquela frase de Cézanne, segundo a qual "as coisas desaparecem. Temos de nos apressar, se queremos ver alguma coisa."
Em todo o caso... maldita pergunta: porque filmo? Ora, porque... Alguma coisa acontece, vêmo-la acontecer, filmamo-la enquanto acontece, a câmara observa, conserva-a, podemos contemplá-la repetidamente, contemplá-la mais uma vez. A coisa já não está lá, mas a contemplação é possível; a verdade da existência desta coisa, essa, não se perdeu. O acto de filmar é um acto heróico (não sempre, nem sequer frequentemente, mas por vezes). A progressiva destruição da percepção exterior e do mundo é, por um instante, suspensa. A câmara é uma arma contra a miséria das coisas, nomeadamente contra o seu desaparecimento. Porquê filmar? Não saberá de outra pergunta menos idiota?

In: Porquoi Filmez-Vous? 700 Cinéastes du Monde entier répondent. Libération, caderno especial de Abril de 1987.

(WENDERS, Wim. A lógica das imagens. Trad. port. Maria Alexandra A. Lopes. Lisboa: Edições 70, 1990.)


Dia 20/08/09

Tokyo-Ga

Sinopse: Durante as filmagens de "Paris, Texas", o diretor Wim Wenders
viaja por duas semanas para o Japão, inspirado pelos filmes de Yasujiro
Ozu, para procurar a Tóquio que não existe mais. Inclui uma entrevista
com Chishu Ryu e uma com Yuharu Atsuta, respectivamente o ator favorito e
fotógrafo de Ozu.


Ficha Técnica:
Direção: Wim Wenders
Titulo Original: Tokyo-Ga
País de origem: Alemanha/EUA
Ano de lançamento: 1985
Duração: 92 minutos


Elenco:
Werner Herzog
Chishu Ryu
Yuuharu Atsuta





Dia 28/08/09

O Céu de Lisboa


Sinopse: Phillip Winter (Rüdiger Vogler) é um engenheiro de som, que viaja
até Lisboa para ajudar seu velho amigo Friedrich Monroe (Patrick Bauchau)
à concluir seu filme. Winter atravessa a Europa de norte a sul, até chegar
na capital portuguesa, só que já é um pouco tarde: Friedrich desapareceu.
Na grande casa onde vivia, Friedrich não deixou mais do que um filme
inacabado, contendo imagens sem som recolhidas nas ruas de Lisboa.
Pacientemente, Winter decide pôr o som nas imagens, e fascinado com a
beleza do lugar, ele resolve ficar um pouco mais e explorar a região.
É quando conhece Teresa (Teresa Salgueiro, interpretando ela mesma), a
bela vocalista do grupo Madredeus, por quem logo se apaixona. Novas
surpresas surgem com o repentino reaparecimento de Friedrich.


Ficha Técnica:
Direção: Wim Wenders
Título OriginL: Lisbon story
País de origem: alemanha/portugal
ano de lançamento: 1994
duração: 100 minutos


Elenco:
Rüdiger Vogler - Phillip Winter
Patrick Bauchau - Friedrich Monroe
Vasco Sequeira - Truck Driver
Canto e Castro - Barber
Viriato Jose da Silva - Shoemaker
João Canijo - Crook
Ricardo Colares - Ricardo
Joel Cunha Ferreira - Zé
Sofia Bénard da Costa - Sofia
Vera Cunha Rocha - Vera
Elisabete Cunha Rocha - Beta
Teresa Salgueiro (Madredeus)
Pedro Ayres Magalhães (Madredeus)
Rodrigo Leão Himself (Madredeus)
Gabriel Gomes (Madredeus)
José Peixoto (Madredeus)
Francisco Ribeiro Himself (Madredeus)
Manoel de Oliveira



Local das Exibições: Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Sempre as 16 horas.