quarta-feira, 4 de novembro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

MINHA FILOSOFIA

Querem saber como comecei a desenvolver minha filosofia? Foi assim: Minha mulher, ao convidar-me para provar o primeiro suflê de sua vida, deixou cair acidentalmente uma fatia dele no meu pé, fraturando com isso diversos artelhos. Médicos foram chamados, raios X tirados e, depois de examinado do tornozelo aos pés, mandaram-me ficar de cama durante um mês. Durante a convalescença, dediquei-me ao estudo dos maiores pensadores ocidentais - uma pilha de livros que eu havia reservado justamente para uma oportunidade dessas. Desprezando a ordem cronológica, comecei por Kierkegaard e Sartre e depois passei rapidamente para Spinoza, Hume, Kafka e Camus. Não me entediei nem um pouco, como supunha. Ao contrário, fiquei fascinado pela lepidez com que esses gênios demoliam a moral, a arte, a ética, a vida e a morte. Lembro-me de minha reação a uma observação (como sempre, luminosa) de Kierkegaard: "Toda relação que se relaciona consigo mesma (ou seja, consigo mesma) deve ter sido constituída por si mesma ou então por outra". O conceito trouxe lágrimas aos meus olhos. Puxa vida! - pensei - isso é que é ser profundo (Eu, por exemplo, sempre tive dificuldades na escola com aquele clássico tema de composição, "Meu dia no Zoológico".) É verdade que a frase continuava completamente incompreensível para mim, mas que importava isto, desde que Kierkegaard estivesse se divertindo? De súbito, convencido de que a metafísica era a obra que eu estava destinado a escrever, tomei papel de lápis e comecei a rascunhar minhas primeiras reflexões. O trabalho progrediu depressa, e em apenas duas tardes - com intervalo para uma soneca e para assistir a um desenho animado - conseguir completar a obra filosófica que, segundo espero, não será divulgada antes de minha morte ou até o ano 3000 (o que vier primeiro), e a qual me garantirá um lugar de honra entre os maiores pensadores da História. Eis aqui uma pequena amostra do tesouro intelectual que deixarei para a humanidade - ou pelo menos, até a chegada da arrumadeira.

1. Crítica do Horror Puro

Ao formular qualquer filosofia, a primeira consideração sempre deve ser: O que nós podemos conhecer? Isto é, o que podemos ter certeza de conhecer ou de saber que conhecemos, desde que seja algo connhecível, é claro. Ou será que já esquecemos e estamos apenas com vergonha de admitir? Descartes roçou o problema quando escreveu: "Minha mente nunca poderá conhecer meu corpo, embora tenha ficado bastante íntima de minhas pernas". E, antes que me esqueça, por conhecível não me refiro ao que pode ser conhecido pela percepção dos sentidos ou ao que pode ser captado pela mente, mas ao que se pode garantir ser Conhecido por possuir características que chamados de Conhecibilidade pelo conhecimento - embora todos esses conhecimentos possam ser ditos na frente de uma senhora.
Será que podemos realmente "conhecer" o Universo? Meu Deus, se às vezes já é difícil sairmos de um engarrafamento! O problema, no fundo, é: há alguma coisa lá? E por quê? E porque tem que fazer tanto barulho? Finalmente, não há dúvida de que uma característica da "realidade" é a de que lhe falta substância. Não quero dizer com isso que ela não tenha substância, mas apenas que lhe falta. (A realidade de que estou falando aqui é a mesma que Hobbes descreveu, só que um pouquinho menor.) Logo, o dito cartesiano "Penso, logo existo" seria melhor expresso na forma de "Olhe, lá vai Edna com o saxofone!". Do que se deduz que, para conhecer uma substância ou uma idéia, devemos duvidar dela e, ao duvidar, chegamos a perceber as características que ela possui em seu estado finito, as quais são "por si mesmas" ou "de si mesmas" ou de qualquer outra coisa que não tem nada a ver. Se isto ficou claro, podemos deixar a epistemologia de lado provisoriamente, e mudar de assunto.

2. A Dialética Escatológica como um Meio de Combater a Herpes

Podemos dizer que o universo consiste de uma substância, e a esta substância chamaremos de "átomos" ou, quem sabe, de "mônadas". Demócrito chamava-a de átomo. Leibnitz preferia "mônadas". Felizmente, os dois nunca se encontraram, se não teríamos pancadaria da grossa. Estas "partículas" foram acionadas por alguma causa ou princípio subjacente, ou talvez tenham apenas resolvido dar uma voltinha. O fato é que já é tarde para fazer qualquer coisa a respeito, exceto provavelmente escovar os dentes quatro vezes ao dia. Isto, naturalmente, não explica a imortalidade da alma. Não implica sequer a existência da alma nem chega a me tranquilizar quanto à sensação de estar sendo seguido por um guatemalteco. A relação causal entre princípio-motor (i.é., Deus, ou uma ventania) e qualquer conceito teológico do ser (em outras palavras, o Ser) é, segundo Pascal: "tão lúdrica que nem chega a ser engraçada". (Ou seja, Engraçada.) Schopenhauer chamou a isto "o vir-a-ser", mas seu médico diagnosticou-o simplesmente como alergia a penas de ganso. No fim da vida, Schopenhauer tornou-se amargurado por este conceito, ou talvez tenha sido pela sua crescente suspeita de que não era Mozart.

3. O Cosmos a 5 Doláres por Dia

O que é, então, o "belo"? A fusão da harmonia com a virtude? Ou da harmonia com qualquer outra coisa que apenas rima com virtude? Se tivesse fundido com um aláude, o mundo seria muito mais tranquilo. A verdade, como se sabe, é a beleza ou "o necessário". Isto é, o que e bom ou possui as características do "bom" resulta na "verdade". Se isto não acontecer, pode ter certeza de que a tal coisa não é bela, embora possa ser até à prova d'agua. Começa a me convencer de que tinha razão, e que tudo devia rimar com aláude. Ora bolas.

Duas Parábolas

Um homem aproxima-se de um castelo. Sua única entrada está guardada por hunos ferocíssimos que só o deixarão entrar se ele se chamar Julius. O homem tenta subornar os guardas, oferecendo-lhes o seu estoque de fígados e moelas de galinhas. Não recusam nem aceitam a oferta - apenas torcem o seu nariz como se ele fosse um saca-rolhas. O homem argumenta que precisa entrar no castelo, porque está levando uma ceroula limpa para o imperador. Os guardas dizem não outra vez e o homem começa a dançar charleston. Eles parecem apreciar sua agilidade, mas logo se irritam porque se lembram da maneira pela qual o governo está tratando os índios. Já sem fôlego, o homem desmaia e morre, sem nunca ter visto o imperador e devendo a uma loja de eletrodomésticos um piano que havia comprado a prazo.

*

Recebo uma mensagem para entregar a um general. Galopo, galopo e galopo, mas o quartel do general parece cada vez mais distante. De repente, uma pantera negra gigante salta sobre mim e devora meu coração e cérebro. É claro que isso estraga definitivamente a minha noite. Por mais que eu corra, já não consigo chegar ao general, o qual vejo a distância, de cuecas, murmurando a palavra "noz-moscada" contra seus inimigos.

Aforismos


É impossível encarar a própria morte objetivamente e assoviar ao mesmo tempo.

*

O Universo não passa de uma idéia passageira na mente de Deus - o que é um pensamento duplamente desagradável se você tiver acabado de pagar a entrada da sua própria casa.


*

Não há nada de mal com a vida eterna, desde que você esteja convenientemente vestido para ela


*

Imaginem se Dionísio ainda estivesse vivo! Onde iria comer?


*

Não apenas não existe Deus, como tenta encontrar um bombeiro num fim de semana.






(ALLEN, Woody. Cuca fundida. Trad. port. Ruy Castro. Porto Alegre: L&PM, 2006.)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mostra Woody Allen


No Auditório do Centro de Humanidades da UECE
:


Dia 02/10/09 (Sexta-Feira)
16 Horas



Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo*
*Mas tinha medo de Perguntar

Sinopse: Woody Allen ultrapassa as fronteiras da comédia consolidando sua sensibilidade tresloucada e sua irreverência maliciosa e divertida com a crescente predisposição para o humor visualmente cativante. Allen revela-se um cineasta "inteligente, sofisticado e com visão cômico." Allen arrasa com diversas vinhetas hilárias que satirizam as questões mais complicadas da sexualidade! Os afrodisíacos mostram-se eficazes para um bobo da corte (Allen) que consegue a chave do coração da Rainha (Lynn Redgrave), mas que descobre que a chave do seu cinto de castidade poderia ser mais útil. Atos não naturais tornam-se selvagens e felpudos quando um bom doutor (Gene Wilder) apaixona-se por uma caprichosa ovelha. Jack Barry trabalha com o fetichismo em 20 perguntas num show de TV maluco chamado "Qual Minha Perversão?" A pesquisa sobre a sexualidade é vista à luz do microscópio quando um cientista louco (John Carridine) libera um seio monstruoso e predador. E o absurdo atinge seu clímax com Tony Randall, Burt Reynolds e Allen como espermatozóides... refletindo sobre a ejaculação!

Ficha Técnica:

Título Original: Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask
Duração: 87 minutos
País de Origem: EUA
Ano de Lançamento: 1972
Direção: Woody Allen



Dia 09/10/09 (Sexta-Feira)
16 Horas

Annie Hall

Sinopse: Alvy Singer (Woody Allen), um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de um certo período, crises conjugais começam a se fazer sentir entre os dois.

Ficha Técnica:

Título Original: Annie Hall
Duração: 93 minutos
País de Origem: EUA
Ano de Lançamento: 1977
Direção: Woody Allen



Dia 16/10/09 (Sexta-Feira)
16 Horas

Zelig

Sinopse:
Um pseudo-documentário sobre a vida de Leonard Zelig (Woody Allen), o homem-camaleão, que tinha o dom de modificar a aparência para agradar as outras pessoas.
Ficha Técnica: Título Original: Zelig
Duração: 79 minutos
País de Origem: EUA
Ano de Lançamento: 1983
Direção: Woody Allen



Dia 23/10/09 (Sexta-Feira)
16 Horas

Desconstruindo Harry

Sinopse:
Harry Block (Woody Allen) é um escritor que costuma contar sua problemática vida pessoal em seus livros, em especial as crises emocionais. Com isso, acaba criando personagens que são retratos de pessoas próximas - ex-esposas, amantes, filho, (ex) amigos. E, como esses retratos costumam ser "maldosos", essas pessoas o odeiam. Às vésperas de uma homenagem numa universidade, ele passa por um bloqueio criativo, problemas pessoais e amorosos. Numa mistura de realidade e ficção, ele passa a interagir com cenas de suas histórias, e percebe como afetou a vida de suas ex-esposas, do filho, das amantes.

Ficha Técnica:

Título Original: Deconstructing Harry
Duração: 96 minutos
País de Origem: EUA
Ano de Lançamento: 1997
Direção: Woody Allen



Dia 30/10/09 (Sexta-Feira)
16 Horas


Match Point

Sinopse: Um tenista profissional irlandês é acolhido no seio de uma família de alta sociedade inglesa, recebe um cargo em sua empresa e se casa com sua filha. Sua relação com a família é afetada quando vive uma aventura amorosa com a ex-noiva de seu cunhado, uma jovem e sedutora norte-americana que procura inutilmente espaço em Londres como atriz.

Ficha Técnica:

Título Original: Match Point
Duração: 123 minutos
País de Origem: EUA/Inglaterra
Ano de Lançamento: 2005
Direção: Woody Allen




Endereço: Av. Luciano Carneiro, 345 - Fortaleza - Ceará

terça-feira, 1 de setembro de 2009




Mostra Pier Paolo Pasolini


No laboratorio de audio e video 2 (ao lado do auditório)
:

Dia 04/09/09 (Sexta-feira)

16:00 Horas


Gaviões e Passarinhos


Sinopse: Pai (Totò) e filho (Ninetto Davoli), ambos trabalhadores proletários, empreendem uma viagem, acompanhados e orientados pelas idéias marxistas de um corvo falastrão. Parábola ferina de Pier Paolo Pasolini sobre o universo dos marginalizados, elemento comum na obra do diretor italiano, como em "Accatone - Desajuste Social" e "Mamma Roma". "Gaviões e Passarinhos" integrou a seleção oficial do Festival de Cannes de 1966.

Ficha Técnica:

Título Original: Uccellacci e Uccellini
Duração: 89 minutos
País de Origem: Itália
Ano de Lançamento: 1966
Direção: Pier Paolo Pasolini




Dia 11/09/09 (Sexta-feira)
16:00 Horas



Edipo Rei


Sinopse:
O filme começa em uma pequena cidade no norte da Itália. No campo, junto com algumas amigas, uma mãe amamenta seu filho, mas, por um breve instante, o pânico invade seus pensamentos. Em casa, o pai do menino teme que ele assuma seu lugar na vida e no coração da mãe. À noite, depois de uma festa, os pais dormem em um quatro. O menino repousa em outro. O pai acorda, vai ao quarto ao lado e tenta enforcá-lo. A cena se transfere para a Grécia Antiga, onde se passa originalmente a tragédia de Sófocles. Ali, o oráculo de Delfos prevê: se Laio, rei de Tebas, gerar um filho, esse o matará. A tragédia grega se consuma com o assassinato de Laio, o suicídio de Jocasta, sua mulher e mãe-amante de Édipo, que se cegará. Para Pasolini, a cegueira de Édipo simbolizava a incapacidade de o homem contemporâneo ver e compreender os fatos que o levaram a situações dramáticas.

Ficha Técnica:

Título Original: Edipo Re
Duração: 104 minutos
País de Origem: Itália
Ano de Lançamento: 1967
Direção: Pier Paolo Pasolini




Dia 18/09/09 (Sexta-feira)
16:00 Horas



Pocilga


Sinopse:
Quem poderia acreditar, mas a antropofagia e a bestialidade foram as duas formas bizarras que o polêmico diretor Pasolini encontrou para criticar ferozmente o frenesi consumista da sociedade pós-moderna em Pocilga. A partir de duas histórias paralelas - uma que se passa no século XVI e mostra a angústia de um jovem que se alimenta desde cobras até seres humanos, e outra que se passa num palácio da Alemanha pós-moderna, onde um jovem, filho de um industrial, apaixona-se pelos porcos e se deixa devorar por eles - Pasolini faz um retrato metafórico nada alentador da degradação humana alastrada pelas sociedades de consumo, as quais não prezam o sentido e a essência do ser humano, mas apenas sua capacidade de consumo. é uma reflexão sobre o lema da era capitalista: "consumo, logo existo".

Ficha Técnica:

Título Original: Porcile
Duração: 93 minutos
País de Origem: Itália
Ano de Lançamento: 1969
Direção: Pier Paolo Pasolini




No Auditório:

Dia 24/09/09 (Quinta-feira)
18h:30m


Pasolini Prossimo Nostro

Sinopse:
"Pasolini, Nosso Próximo" é um documentário de Giuseppe Bertolucci sobre Pier Paolo Pasolini e sobre um de seus filmes mais polêmicos, ‘Salò ou Os 120 Dias de Sodoma’. Durante as filmagens, apesar da enorme controvérsia gerada em torno da obra, Pasolini se encontra relaxado, quase alegre. Ele deixa a câmera do jornalista Gideon Bachmann segui-lo e concede uma longa e extraordinária entrevista. Inicialmente inseguro, Pasolini transforma a conversa em um grande, claro e violento ataque à sociedade, acompanhado de fotos dos set de filmagem justapondo ficção e realidade. Pasolini morreria antes de o filme estrear, supostamente assassinado por um garoto de programa.

Ficha Técnica:

Título Original: Pasolini Prossimo Nostro
Duração: 58 minutos
País de Origem: Itália
Ano de Lançamento: 2006
Direção: Giuseppe Bertolucci

Palestra: O cinema de Pier Paolo Pasolini
Com o Professor Dr. Expedito Passos




No laboratorio de audio e video 2 (ao lado do auditório):

Dia 25/09/09 (Sexta-feira)
16:00 horas


Saló ou Os 120 Dias de Sodoma

Sinopse: Baseado livremente em histórias de Marquês de Sade ("Círculo de Manias", "Círculo da Merda" e "Círculo do Sangue"), passa-se na Itália controlada pelos nazistas, onde quatro libertários fascistas sequestram 16 jovens e os aprisionam em uma mansão com guardas. A partir daí, eles passam a ser usados como fonte de prazer, masoquismo e morte.

Ficha Técnica:

Título Original: Salò o le Centoventi Giornate di Sodoma
Duração: 112 minutos
País de Origem: Itália/França
Ano de Lançamento: 1975
Direção: Pier Paolo Pasolini



Sinopses e fichas técnicas retiradas do site:
http://www.makingoff.org/forum/index.php?showtopic=14690

sábado, 15 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009



PORQUE FILMA?

Resposta a um inquérito


Desde que tenho esta terrível pergunta diante de mim, vêm-me ao espírito uma série de respostas possíveis. De manhã uma, de noite outra, mais uma na mesa de montagem, outra ainda ao contemplar as fotos de antigas filmagens, uma quando falo com a contabilista, mais uma quando penso nas pessoas com quem trabalho desde há anos. Todas estas respostas, todas estas razões para filmar, são válidas e verdadeiras, mas digo para comigo que "lá atrás" tem que haver algo que é "ainda mais verdadeiro", talvez uma "obrigação" ou até uma "necessidade".
Quando, com doze anos, rodei o meu primeiríssimo filme com uma câmara de oito milímetros, coloquei-me à janela de casae filmei de cima a rua, os carros e os transeuntes. O meu pai viu-me e perguntou: "Que fazes tu aí com a câmara?" E eu disse: "Estou a filmar a rua, como bem vês." "E para quê?", perguntou-me ele. Não soube que responder. Dez ou doze anos mais tarde, rodei a minha primeira curta-metragem em 16 milímetros. As bobinas tinham a duração de cerca de três minutos.
Filmei um cruzamento, do sexto andar, sem mexer a câmara e durante tanto tempo até a bobina estar vazia. A ideia de parar a câmara antes não me ocorreu. À distância, posso imaginar que isso me deve ter parecido um sacrilégio.
Que espécie de sacrilégio?
Não tenho cabeça para teorias. Só raramente me recordo de alguma coisa que tinha lido. Não posso, por isso, também citar exactamente uma frase de Béla Balázs que, contudo, me impressionou muito. Fala da possibilidade (e da responsabilidade) de o cinema "mostrar as coisas como elas são". E de que o cinema pode "salvar a existência das coisas".
É isso, exactamente.
Ou aquela frase de Cézanne, segundo a qual "as coisas desaparecem. Temos de nos apressar, se queremos ver alguma coisa."
Em todo o caso... maldita pergunta: porque filmo? Ora, porque... Alguma coisa acontece, vêmo-la acontecer, filmamo-la enquanto acontece, a câmara observa, conserva-a, podemos contemplá-la repetidamente, contemplá-la mais uma vez. A coisa já não está lá, mas a contemplação é possível; a verdade da existência desta coisa, essa, não se perdeu. O acto de filmar é um acto heróico (não sempre, nem sequer frequentemente, mas por vezes). A progressiva destruição da percepção exterior e do mundo é, por um instante, suspensa. A câmara é uma arma contra a miséria das coisas, nomeadamente contra o seu desaparecimento. Porquê filmar? Não saberá de outra pergunta menos idiota?

In: Porquoi Filmez-Vous? 700 Cinéastes du Monde entier répondent. Libération, caderno especial de Abril de 1987.

(WENDERS, Wim. A lógica das imagens. Trad. port. Maria Alexandra A. Lopes. Lisboa: Edições 70, 1990.)


Dia 20/08/09

Tokyo-Ga

Sinopse: Durante as filmagens de "Paris, Texas", o diretor Wim Wenders
viaja por duas semanas para o Japão, inspirado pelos filmes de Yasujiro
Ozu, para procurar a Tóquio que não existe mais. Inclui uma entrevista
com Chishu Ryu e uma com Yuharu Atsuta, respectivamente o ator favorito e
fotógrafo de Ozu.


Ficha Técnica:
Direção: Wim Wenders
Titulo Original: Tokyo-Ga
País de origem: Alemanha/EUA
Ano de lançamento: 1985
Duração: 92 minutos


Elenco:
Werner Herzog
Chishu Ryu
Yuuharu Atsuta





Dia 28/08/09

O Céu de Lisboa


Sinopse: Phillip Winter (Rüdiger Vogler) é um engenheiro de som, que viaja
até Lisboa para ajudar seu velho amigo Friedrich Monroe (Patrick Bauchau)
à concluir seu filme. Winter atravessa a Europa de norte a sul, até chegar
na capital portuguesa, só que já é um pouco tarde: Friedrich desapareceu.
Na grande casa onde vivia, Friedrich não deixou mais do que um filme
inacabado, contendo imagens sem som recolhidas nas ruas de Lisboa.
Pacientemente, Winter decide pôr o som nas imagens, e fascinado com a
beleza do lugar, ele resolve ficar um pouco mais e explorar a região.
É quando conhece Teresa (Teresa Salgueiro, interpretando ela mesma), a
bela vocalista do grupo Madredeus, por quem logo se apaixona. Novas
surpresas surgem com o repentino reaparecimento de Friedrich.


Ficha Técnica:
Direção: Wim Wenders
Título OriginL: Lisbon story
País de origem: alemanha/portugal
ano de lançamento: 1994
duração: 100 minutos


Elenco:
Rüdiger Vogler - Phillip Winter
Patrick Bauchau - Friedrich Monroe
Vasco Sequeira - Truck Driver
Canto e Castro - Barber
Viriato Jose da Silva - Shoemaker
João Canijo - Crook
Ricardo Colares - Ricardo
Joel Cunha Ferreira - Zé
Sofia Bénard da Costa - Sofia
Vera Cunha Rocha - Vera
Elisabete Cunha Rocha - Beta
Teresa Salgueiro (Madredeus)
Pedro Ayres Magalhães (Madredeus)
Rodrigo Leão Himself (Madredeus)
Gabriel Gomes (Madredeus)
José Peixoto (Madredeus)
Francisco Ribeiro Himself (Madredeus)
Manoel de Oliveira



Local das Exibições: Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Sempre as 16 horas.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Curtas no Pátio

Sexta-feira (dia 31/07/09):

Haverá uma exibição de curtas no pátio do CH (lá perto de onde ficam as mesinhas).

A partir das 18:00 horas.


Os curtas que serão exibidos são:

Love Song, de Stan Brakhage

Brakhage, cineasta independente e experimental, norte-americano,
produziu mais de 400 filmes, a maioria deles mudos,
com durações que variavam entre 9 segundos a quatro
horas e meia.



Tma / svetlo / tma, de Jan Svankmajer

Jan Svankmajer. Cineasta surrealista checo.
Conhecido por seus filmes que misturam atores e desenhos numa surrealista montagem.



A Sequencia da Flor de Papel, de Pier Paolo Pasolini.

Pasolini, cineasta e poeta italiano. La sequenza del fiore di carta é um dos cinco episódios que compõem o filme Amor e Raiva.

Endereço: Av. Luciano Carneiro, 345 - Fortaleza - Ceará

quarta-feira, 29 de julho de 2009


Dia 07/08/09 (sexta-feita):

Um Albergue em Toquio

Sinopse: Filme da fase de cinema mudo do Yasujiro Ozu. Para sobreviver e salvar a vida da filha de um amigo, um homem miserável resolve roubar dinheiro. Em seguida, ele confessa à polícia.

Ficha Técnica:
Título Original: Tokyo no yado
País de Origem: Japão
Tempo de Duração: 80 minutos
Ano de Lançamento: 1935
Direção: Yasujiro Ozu
Roteiro: Masao Arata
Tadao Ikeda

Elenco:
Takeshi Sakamoto (Kinachi)
Yoshiko Okada (Otaka)
Chouko Iida (Otsune)
Tomio Aoki (Zenko)
Kazuko Ojima (Kuniko)
Chishu Ryu (Policial)
Takayuki Suematsu (Masako)




Dia 13/08/09 (quinta-feira):

Pai e Filha

Sinopse: Retrato da tradição japonesa, o filme conta a história de Noriko, uma jovem de 27 anos que ainda mora com a família. Todos querem que ela se case, mas ela prefere continuar vivendo e cuidando do seu pai.


Ficha Técnica:
Título Original: Banshun
País de Origem: Japão
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento: 1949
Direção: Yasujiro Ozu
Roteiro: Kazuo Hirotsu
Kôgo Noda
Yasujiro Ozu

Elenco:
Chishu Ryu (Shukichi Somiya)
Setsuko Hara (Noriko Somiya)
Yumeji Tsukioka (Aya Kitagawa)
Haruko Sugimura (Masa Taguchi)
Hohi Aoki (Katsuyoshi)
Jun Usami (Shuichi Hattori)
Kuniko Miyake (Akiko Miwa)
Masao Mishima (Jo Onodera)
Yoshiko Tsubouchi (Kiku)
Yôko Katsuragi (Misako)
Toyoko Takahashi (Shige)
Jun Tanizaki (Seizo Hayashi)



Local das Exibições: Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Sempre as 16 horas.





segunda-feira, 27 de julho de 2009

Apresentação.

O cineclube do curso de filosofia da UECE é uma tentativa dos estudantes de filosofia do Centro de Humanidades de criar um espaço cultural de interação e convivência no interior da universidade e que ao mesmo tempo incentive o diálogo entre cinema e filosofia, prolongando o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade, o impacto e o caráter reflexivo do cinema.

Visando um cineclube o mais aberto possível, onde todos possam participar e ao mesmo tempo construir, eliminamos a categoria de curador, ou seja, aquela pessoa responsável pela organização, definição de tema e escolha de filmes. No cineclube da filosofia da uece, toda e qualquer pessoa pode organizar mostras, escolher filmes e propor debates.

Basta enviar uma proposta para o email cineclubedafilosofiadauece@gmail.com


O cineclube acontecerá às sextas feiras a partir do dia 07/08/09 a partir das 16 horas. As mostras serão quinzenais (filme na primeira semana, filme + debate na segunda semana)

Orkut: Cineclube Filosofia UECE
cineclubedafilosofiadauece@gmail.com

terça-feira, 14 de julho de 2009